LÍNGUA ADICIONAL E NÃO ESTRANGEIRA:ENTENDA POR QUE ADOTAR O TERMO
É comum nos referirmos ao Inglês como uma “língua estrangeira”, mas é importante conhecer uma alternativa: “língua adicional”. Entenda.
OBSERVATÓRIO ENSINO
DA LÍNGUA INGLESA
31 out. 2022
Quando falamos de ensino e aprendizagem de uma língua “estrangeira”, o que vem em mente? É provável que a maioria das pessoas pense em Inglês, porque esta era a língua mais ofertada na disciplina curricular “língua estrangeira moderna”.
A denominação língua “estrangeira”, contudo, invisibiliza a diversidade possível de usos, pois geralmente a associa a grupos específicos de falantes. Entretanto, hoje em dia, o Inglês tem sido o meio de comunicação de falantes de diversas partes do mundo e, inclusive, empregado em nosso próprio país. Assim, ele não é alheio à nossa realidade. Por esse motivo, o termo “língua adicional” tem sido proposto no lugar de “língua estrangeira”.
Essa substituição pode ter reflexos positivos na sala de aula. Entenda melhor este assunto neste artigo.
Língua estrangeira ou língua adicional?
Antes de propor uma troca entre os termos “língua estrangeira” e “língua adicional”, vale a pena refletir: o que é uma língua estrangeira? Continue lendo para entender melhor esse e outros termos.
Língua estrangeira
O ensino de Inglês como língua estrangeira se caracteriza por uma abordagem que privilegia os usos de falantes nativos, adotando seus padrões, e buscando preparar os estudantes para interação com falantes nativos.
David Graddol, em uma publicação de 2006, intitulada English Next, já previa que o Inglês deixaria de ser ensinado como língua estrangeira, a qual ele caracterizava como adoção de variedades nativas de Inglês, com pouca motivação de alunos, geralmente aprendida e usada apenas em sala de aula, com materiais didáticos fornecidos pelos governos, dentre outros aspectos.
Para ele, o Inglês ensinado como língua global teria outras características como: foco na inteligibilidade mais do que em uma variedade específica, manutenção da identidade nacional por meio do Inglês, necessidade de habilidades de recepção em uma gama de variedades internacionais e estudantes com motivações instrumentais, isto é, querendo aprender a língua para usos específicos.
Os jovens estudantes têm o Inglês hoje, mais do que nunca, como parte presente de sua realidade. Eles entram em contato com ele diariamente em suas redes sociais, ao ouvir artistas favoritos e ao jogar vídeo game.
Logo, usar o termo “língua estrangeira” sugere um afastamento que pode não ser produtivo para estudantes, como se o Inglês fizesse parte de uma realidade que não lhes pertence - e isso não é verdade.
Uma outra denominação tem sido proposta: língua adicional, para substituir “segunda língua”, empregada especialmente em países falantes da língua que está sendo aprendida naquele contexto de imersão, mas que pressupõe que esses aprendizes sabem apenas uma língua e que a língua que estão aprendendo é segunda.
Por exemplo, no Brasil quem aprende Inglês pode ser falante de outras línguas, como é o caso de famílias de imigrantes, refugiados, grupos indígenas, os que usam Língua Brasileira de Sinais e outras situações nas quais o Inglês não é necessariamente a segunda língua delas.
Língua adicional: por que usar
Considerando o termo “língua estrangeira” como um idioma que “pertence” a um lugar, um povo ou uma realidade que não faz parte da nossa, podemos perceber seus limites em um mundo contemporâneo tão conectado como o nosso.
Ao assistir e postar vídeos pelas redes sociais, por exemplo, as pessoas têm a oportunidade de usar o idioma de forma autêntica, em seu mundo real e, assim, considerá-lo também como seu. Por isso, ao se ensinar Inglês como língua adicional, pode-se recorrer a essas experiências para torná-la mais próxima da realidade dos alunos.
Ao adotarmos a perspectiva de língua adicional, contribuímos para “desestrangeirizar” o Inglês, sinalizando para a possibilidade de o aluno se apropriar da língua, sem imaginar que para isso precise viajar para o exterior.
Assim, ensinar Inglês como língua adicional representa o reconhecimento de que muitas pessoas vivenciam espaços multilíngues e permite aproximações com um outro conceito que também vem sendo muito empregado, que é o de Inglês como lingua franca.
Temas: Linguística; Ensino de Línguas; Ensino de Inglês
Adaptado de: https://www.inglesnasescolas.org/headline/lingua-adicional/. Acesso em: 11 nov. 2022. © 2022 British Council. Observatório Ensino da Língua Inglesa. Todos os direitos reservados.
Língua estrangeira
O ensino de Inglês como língua estrangeira se caracteriza por uma abordagem que privilegia os usos de falantes nativos, adotando seus padrões, e buscando preparar os estudantes para interação com falantes nativos.
David Graddol, em uma publicação de 2006, intitulada English Next, já previa que o Inglês deixaria de ser ensinado como língua estrangeira, a qual ele caracterizava como adoção de variedades nativas de Inglês, com pouca motivação de alunos, geralmente aprendida e usada apenas em sala de aula, com materiais didáticos fornecidos pelos governos, dentre outros aspectos.
Para ele, o Inglês ensinado como língua global teria outras características como: foco na inteligibilidade mais do que em uma variedade específica, manutenção da identidade nacional por meio do Inglês, necessidade de habilidades de recepção em uma gama de variedades internacionais e estudantes com motivações instrumentais, isto é, querendo aprender a língua para usos específicos.
Os jovens estudantes têm o Inglês hoje, mais do que nunca, como parte presente de sua realidade. Eles entram em contato com ele diariamente em suas redes sociais, ao ouvir artistas favoritos e ao jogar vídeo game.
Logo, usar o termo “língua estrangeira” sugere um afastamento que pode não ser produtivo para estudantes, como se o Inglês fizesse parte de uma realidade que não lhes pertence - e isso não é verdade.
Uma outra denominação tem sido proposta: língua adicional, para substituir “segunda língua”, empregada especialmente em países falantes da língua que está sendo aprendida naquele contexto de imersão, mas que pressupõe que esses aprendizes sabem apenas uma língua e que a língua que estão aprendendo é segunda.
Por exemplo, no Brasil quem aprende Inglês pode ser falante de outras línguas, como é o caso de famílias de imigrantes, refugiados, grupos indígenas, os que usam Língua Brasileira de Sinais e outras situações nas quais o Inglês não é necessariamente a segunda língua delas.
Língua adicional: por que usar
Considerando o termo “língua estrangeira” como um idioma que “pertence” a um lugar, um povo ou uma realidade que não faz parte da nossa, podemos perceber seus limites em um mundo contemporâneo tão conectado como o nosso.
Ao assistir e postar vídeos pelas redes sociais, por exemplo, as pessoas têm a oportunidade de usar o idioma de forma autêntica, em seu mundo real e, assim, considerá-lo também como seu. Por isso, ao se ensinar Inglês como língua adicional, pode-se recorrer a essas experiências para torná-la mais próxima da realidade dos alunos.
Ao adotarmos a perspectiva de língua adicional, contribuímos para “desestrangeirizar” o Inglês, sinalizando para a possibilidade de o aluno se apropriar da língua, sem imaginar que para isso precise viajar para o exterior.
Assim, ensinar Inglês como língua adicional representa o reconhecimento de que muitas pessoas vivenciam espaços multilíngues e permite aproximações com um outro conceito que também vem sendo muito empregado, que é o de Inglês como lingua franca.
Temas: Linguística; Ensino de Línguas; Ensino de Inglês
Adaptado de: https://www.inglesnasescolas.org/headline/lingua-adicional/. Acesso em: 11 nov. 2022. © 2022 British Council. Observatório Ensino da Língua Inglesa. Todos os direitos reservados.
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