Saturday, February 11, 2023

ENGLISH, the Global Language

INGLÊS INTERNACIONAL:
o que é, como ensinar e como aprender


Denilso de Lima
Inglês na Ponta
da Língua

Maio 2011


O que é o Inglês Internacional?
O Inglês Internacional é também conhecido como Global English, World English, Common English ou General English. De forma bem resumida, o International English de acordo com o linguista Rajagopalan,
  • “...pertence a todas as pessoas (do mundo) que falam Inglês, mas ele não é a língua nativa de ninguém.”
Ou seja, o Inglês internacional não é uma língua própria de um país ou outro. Trata-se de uma língua internacional de conhecimento de todas as pessoas do mundo que a falam.
Em 1985, o linguista Braj Kachru sugeriu o que ficou conhecido como “os círculos do Inglês”. Em seu artigo, ele demonstrou que a Língua Inglesa é uma língua com três círculos de influência.


No círculo interior (inner circle) encontram-se os países nos quais o Inglês é a língua materna (EUA, Reino Unido, Austrália, Irlanda etc.). Este inner circle é formado pelos ditos falantes nativos de Inglês.
Já no círculo externo (outer circle) estão países que tem a Língua Inglesa como segunda língua por alguma razão histórica ou cultural (Índia, Singapura, Nigeria etc.). Geralmente, esses são os países que tem Inglês como uma segunda língua, pois foram colonizados pelos países do inner circle.
No último círculo, o círculo crescente (expanding circle) estão os demais países do mundo que aprendem o Inglês como língua estrangeira – ou, de acordo com estudos mais recentes, como língua adicional (Brasil, Alemanha, México, Japão, China, etc.). Portanto, nós estamos dentro deste grupo.

Um Preconceito a Ser Quebrado
Durante muito tempo, autores de materiais didáticos, donos de escolas, editoras, professores e demais profissionais da área de ensino de Inglês no mundo todo privilegiaram o Inglês que estava apenas dentro do “inner circle”.
Dessa forma, ensinavam apenas o Inglês britânico e/ou o americano, pois se tratavam dos tipos de Inglês tidos como puros, corretos, superiores, melhores, perfeitos, padrões a serem seguidos etc. Logo, esse Inglês do inner circle era o que deveria ser ensinado ou aprendido.
Infelizmente, como você bem deve saber, essa mentalidade continua impregnada na cultura brasileira. Consequentemente, isso faz com que a tese de por que brasileiro não aprende Inglês seja cada vez mais reforçada.

Rajagopalan (2004:111) escreve que esse pensamento de que o “inner circle” é superior aos demais
  • “...fez (e ainda faz) nascer um complexo de inferioridade extremamente irritante entre muitos professores e estudantes de Inglês ao redor do mundo.”
Isso acontece porque, para as pessoas, o padrão de perfeição a ser alcançado é o Inglês britânico ou americano.
Esse comportamento leva os indivíduos a considerarem o Inglês uma língua difícil e impossível de ser dominada, resultando em um complexo de inferioridade e incapacidade no aprendizado.



O Inglês Internacional no Ensino
Para evitar esse pensamento “preconceituoso”, começou então a ser discutida a ideia de que a Língua Inglesa é de uso internacional (English as a lingua franca).
Logo, sotaques, palavras, expressões, pronúncias, gramáticas (diferentes do padrão) etc. se misturam e se espalham de uma forma impressionante.
O inglês Jeremy Harmer, especialista em ensino de Língua Inglesa e autor de vários livros, nos diz que
  • “...o ‘inner circle’ perdeu muito de seu poder linguístico, real ou imaginado.”
Isso acontece pelo fato de o crescimento do Inglês como lingua franca fazer surgir o chamado Inglês internacional.
Harmer acrescenta ainda que
  • “...a pessoa que fala o World English é, talvez, capaz de lidar com uma ampla gama maior de variedades da Língua Inglesa do que uma pessoa que fica presa às atitudes e competências do falante nativo.”
Isso significa que quem se preocupa demais em aprender a falar Inglês como um britânico ou um americano pode não ser capaz de se comunicar efetivamente com o resto do mundo. Nas palavras de Rajagopalan,
  • “...quem não consegue se comunicar em Inglês com uma pessoa com sotaque grego ou punjabi é comunicativamente deficiente.”

Mudanças…
Toda essa discussão fez com que Kachru (2004) propusesse um novo círculo. Ele mantém o “inner circle” (falantes nativos da Língua Inglesa). No lugar do “outer circle”, ele coloca os falantes não nativos proficientes da Língua Inglesa (high proficiency non-native speakers). E no lugar do “expanding circle”, ele coloca as pessoas cujas habilidades linguísticas em Inglês não são muito altas (low proficiency non-native speakers).
Atualmente, editoras, escolas internacionais, faculdades, empresas etc. preocupam-se muito mais com o Inglês internacional do que com uma variante específica ou outra.
Claro que ainda há materiais desenvolvidos em uma determinada variante do Inglês. No entanto, a ideia do International English tem sido amplamente divulgada, discutida e ensinada com muito mais frequência dentro dos centros de formação de professores de Língua Inglesa.

Para pensar…
Portanto, saiba que você, estudante de Inglês, deve estar preparado para falar Inglês com qualquer pessoa no mundo, por mais complicado que isso possa ser.
A ideia hoje no ensino de Língua Inglesa é a de formar pessoas proficientes, capazes de se comunicar com qualquer outra pessoa que fala Inglês, seja um falante nativo ou não. Em outras palavras, o objetivo nesse mundo globalizado é formar pessoas com capacidade de compreender alemães, chineses, italianos, franceses, coreanos, americanos, irlandeses, canadenses etc. falando Inglês.
Não há mais a superioridade linguística de uma forma ou outra. Todas as formas devem ser reconhecidas, aceitas e compreendidas. Para alcançar esse nível é necessário dedicação, envolvimento com a língua e motivação para continuar aprendendo sempre.
Em resumo, não se dedique apenas a um tipo de Inglês; dedique-se ao Inglês falado no mundo. Caso necessário seja, depois de ser capaz de comunicar com o mundo, aí você pode se aperfeiçoar em uma variante ou outra, mas apenas se isso for realmente necessário para você.

REFERÊNCIAS
HARMER, J. (2007). The Practice of English Language Teaching. Pearson Longman, Essex.
KACHRU, B. (1985). Standards, Codification, and Sociolinguistics realism: the English language in the outer circle. CUP/British Council.
KACHRU, B. (2004). Asian English: beyond the canon. Hong Kong University Press.
RAJAGOPALAN, K. (2004). The Concept of ‘World English’ and its Implications for ELT. ELT Journal 58/2.

Para os professores interessados em ler mais sobre esse assunto e seus desdobramentos, recomendo o livro English as a Global Language, de David Crystal, editora Cambridge University Press (CLIQUEM AQUI).

Adaptado de: https://www.inglesnapontadalingua.com.br/2011/05/o-que-e-o-international-english.html. Acesso em: 10 fev. 2023. © Denilso de Lima, Inglês na Ponta da Língua - Learn English Anywhere, 2023. Todos os direitos reservados.

No comments:

Post a Comment

Addi(c)tion

ADDITION vs. ADDICTION   Qual é a diferença? By Alberto Queiroz MAIRO VERGARA Nov. 18, 2024 Um “c” . Um simples “c” . Pelo menos na ortogr...