ELT, Human Rights, Gender and Social Inclusion

MAPEAMENTO DE BOAS PRÁTICAS

QUESTÕES SOCIAIS NOS ESPAÇOS

DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Gabriel Mota leciona Inglês para as turmas do Ensino Fundamental (anos iniciais e finais), Ensino Médio e na Educação de Jovens e Adultos (EJA), na Rede Estadual e Municipal de Manaus (AM).

OBSERVATÓRIO ENSINO
DA LÍNGUA INGLESA
16 maio 2022

Gabriel é fundador de uma casa de acolhimento para a população LGBTQIA+ e refugiados no Estado do Amazonas. Com mais de 500 estudantes no total e uma rotina intensa de trabalho, o professor defende que a sala de aula é um espaço de transformação. Por isso se sente como um agente de transformação fazendo uso de seus conhecimentos, desenvolvendo um trabalho voltado para às questões de gênero e raça já com as séries iniciais da Educação Básica.
Como Gabriel trabalha com todas as fases da educação escolar, ele tem diversas maneiras de ensinar, sempre buscando referências culturais. Com as turmas dos anos iniciais do Ensino Fundamental, o professor usa desenhos e personagens para mostrar diferenças e trabalhar a temática da diversidade, além de apresentar jogos e também cores para dizer que o bege não é “cor de pele” e sim uma tonalidade, levantando questões sociais de forma descomplicada para as turmas.
Já com os anos finais do Ensino Fundamental e Médio, Gabriel utiliza literatura, filmes, músicas e quizzes para conversar sobre questões sociais e ter o engajamento da turma. Para a prática em sala de aula, Gabriel gosta de produzir seus próprios materiais, pois dessa forma ele consegue que os estudantes se sintam mais atraídos pela aula. O professor pontua que, ao trazer a realidade deles para o ensino, fica mais fácil alcançar os objetivos de aprendizagem.

“O desafio que eu tenho hoje é fazer as integrações culturais da Língua Inglesa, porque muitas vezes os materiais didáticos que a gente recebe para trabalhar em sala de aula trazem um contexto que está muito aquém, não é da realidade dos meus alunos.” (Gabriel Mota)

Gabriel tem um grande número de estudantes negros, indígenas e de origem venezuelana. Isso faz com que exista uma interculturalidade grande em sala, com os alunos trazendo contextos diversos. Segundo o professor, apesar de todas as disciplinas terem a possibilidade de trabalhar temas transversais, o Inglês, por ser global, permite trazer situações do mundo inteiro que em algum momento vão acontecer ou já aconteceram aqui.

“A Língua Inglesa amplia o repertório cultural. Então a gente chega na sala de aula com o nosso currículo de ensinar gramática e tal, mas a gente acaba sendo uma ferramenta para esses alunos se conectarem com o mundo globalizado.” (Gabriel Mota)

Oficinas de Gênero e Sexualidade

Em 2021, Gabriel realizou Oficinas de Gênero e Sexualidade, com turmas do 9º ano, nas quais os estudantes foram convidados a escolherem alguns temas a serem abordados em sala de aula. A roda de conversa sobre Prevenção Combinada ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) foi o ponto alto de uma das oficinas que, além de trazer informações sobre a saúde de jovens, trabalhou conceitos-chave em Língua Inglesa, fazendo comparações entre o Português e o Inglês.
Durante a atividade, o professor explicou sobre a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV e pós-exposição (PEP). Ele abordou ainda a importância de as mulheres fazerem o acompanhamento pré-natal, a testagem e a importância do preservativo, que não pode ser o único método de prevenção.
Além disso, outros temas foram escolhidos pelo professor, como machismo, gênero e violência doméstica, tentando tirar os alunos da zona de conforto e incentivando a discussão. Um exemplo que Gabriel relatou foi a dinâmica em que a turma deveria formar pares e colocar testa com testa. Nessa situação, quando eram dois meninos, havia um grande desconforto, entretanto, com duas meninas não. Ao final da aula o desconforto foi debatido, gerando mudanças de comportamento.

“Eu penso que quando eu estudo a realidade, eu levo o meu corpo político para dentro de sala de aula de maneira profissional, eu estou incentivando aquela comunidade a crescer.” (Gabriel Mota)

A construção da mudança e um espaço seguro

Gabriel percebe que as intervenções geraram mudanças de comportamento, fazendo com que alunas e alunos se relacionassem de forma mais respeitosa, prestassem atenção nas brincadeiras jocosas e na maneira de se posicionar. Além disso, o professor percebeu que conseguiu criar um espaço seguro para eles se colocarem, criando vínculos, o que favoreceu um local de acolhimento para as turmas.
Ele se orgulha de ter se tornado uma referência para as meninas quando o tema é gênero. Segundo ele, muitas meninas que, em um primeiro momento, eram “silenciosas”, ao fim das intervenções conseguiam ter a atitude de se impor diante de atitudes machistas, fazendo com que ele sentisse que suas aulas contribuíram para o empoderamento das jovens.

“Eu sou um ativista da Língua Inglesa, não de uma língua em nível de dominação. Não, não é isso, mas que ela traga, que ela ajude as pessoas a terem reflexões mais amplas sobre o mundo que vivem.” (Gabriel Mota)

É dessa forma que Gabriel Mota contribui para as boas práticas em gênero e raça no ensino da Língua Inglesa, confiante que, oferecendo conhecimento e acolhimento para os estudantes, poderá impactar positivamente nas mudanças em nossa sociedade. Ele é um dos professores entrevistados no Mapeamento de Boas Práticas em Gênero e Raça no Ensino da Língua Inglesa (conheça AQUI).

Temas: Atividades pedagógicas; Inclusão; Saúde e Educação; Educação Infantil; Ensino Fundamental; Ensino Médio; Ensino Público; Cultura; Ensino de Inglês; Ensino de Línguas; Diversidade; Direitos Humanos; Gênero e Inclusão Social; Educação de Jovens e Adultos

Tags: Diversidade; Interculturalidade; Inclusão; Direitos Humanos; Prática Docente; Raça; Mapeamento de Boas Práticas; Diversidade Sexual e de Gênero; Experiências British Council

Adaptado de: https://www.inglesnasescolas.org/experience/mapeamento-de-boas-praticas-questoes-sociais-nos-espacos-da-educacao-basica/. Acesso em: 1 jul. 2022. © 2022 British Council. Observatório Ensino da Língua Inglesa. Todos os direitos reservados.