Friday, April 22, 2022

ENGLISH - Formação de Professores

MAPEAMENTO DE BOAS PRÁTICAS:
INGLÊS NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA


Délvia Fox leciona Inglês para as turmas de Ensino Fundamental Anos Finais, Ensino Médio e na formação de professores, em Recife (PE).

OBSERVATÓRIO ENSINO
DA LÍNGUA INGLESA

11 abr. 2022



Délvia Fox é professora de Inglês há 17 anos, leciona Português em projetos sociais, atua na formação de docentes e é mestranda em Sociologia. Além disso, participa de projetos livres dentro da escola pública em que trabalha.
A partir de suas experiências em sala de aula em contextos educacionais muito diversos e de suas vivências e inquietações pessoais, a professora compreendeu cedo a necessidade de uma prática que considere os aspectos tradicionais da língua e que envolve, questiona e abarca a diversidade ou, como Délvia gosta de chamar, uma “prática social”. 

 “Eu tenho a esperança de que a língua seja um mecanismo de acesso e poder, mas, também, de humanização” (Délvia Fox)

A professora leciona para cerca de 16 turmas por ano, com 45 estudantes em cada sala e, apesar do desafio de lidar com turmas grandes, com poucas aulas semanais e a dificuldade de olhar para todos os perfis de estudantes e suas demandas, a professora instiga seus alunos e alunas com dedicação e bom humor.

“O limite do sistema é a nossa criatividade, então o engajamento que a gente gera, criar práticas que façam o aluno se questionar em seu papel, que faça o aluno não só querer aquele conhecimento de transformação, que ele sinta-se curioso em buscar” (Délvia Fox)

Fortalecendo as meninas e sensibilizando os meninos 

Para Délvia é importante que sua prática em sala de aula priorize a construção da cidadania e a sensibilização dos estudantes para as questões humanas. Dessa forma, a professora, sempre antenada com os acontecimentos mundiais, entende o ensino da Língua Inglesa como uma ponte para legitimar as demandas dos grupos invisibilizados. 

“A prática não se encerra no muro da escola, então a possibilidade é que provoque a reflexão, porque ela não é algo só gramatical, também é social. Quando a gente amplia essa possibilidade do social da língua, a prática vai ganhando maior significado” (Délvia Fox)

As temáticas de gênero e raça são recorrentes em seus cronogramas, pois Délvia tem muita abertura para desenvolver suas práticas na escola em que trabalha. As escolhas pelos temas acontecem junto com as turmas, que também opinam sobre como será realizada a avaliação, já que, para a professora, é essencial que exista lugar de fala para alunas e alunos.
A professora utiliza os mais variados recursos como memes, mímica, músicas, campanhas televisivas, recursos audiovisuais, referências regionais e favorece, inclusive, o contato com professores e projetos de fora da escola. Os conteúdos do ensino de Inglês são apresentados a partir do debate sobre temas como saúde mental, vacinação contra o Covid-19, negacionismo, violência doméstica, direitos humanos, racismo, violência policial, cultura, meio ambiente, emergência climática, entre outros, e, dessa forma, Délvia cativa as turmas e percebe mudanças.

Criando uma onda de transformação

Segundo ela, as turmas participam de forma comprometida, pesquisam e levam dados para os debates, compartilham situações vivenciadas em casa e entre colegas. E é possível perceber as meninas mais fortalecidas e informadas, sobretudo as negras, a respeito do corpo, estética e da importância em não serem “
objetificadas” e, também, onde buscar ajuda caso vivenciem situações de violência.

“A gente começa a compreender que quando a mulher está fortalecida, ela fica menos vulnerável às violências e sabe onde buscar ajuda, sabe como se defender. E a gente percebe que o processo educativo transforma o outro e é muito possível a gente fortalecer as meninas e sensibilizar os meninos” (Délvia Fox)

Délvia nos conta que, em uma de suas iniciativas, organizou um grande evento na escola para celebrar o mês da Consciência Negra, e, além de diversas atividades, como debates, filmes e apresentações, houve uma oficina de box braids para quem desejasse trançar seus cabelos. As box braids ganharam popularidade na década de 90 e rapidamente se tornaram populares entre pessoas negras nos EUA. Com origem africana, as braids são tranças em todo o cabelo que podem ou não ter mechas coloridas ou adornos e são muito presentes na estética negra. A professora, que trabalha tanto a questão da representatividade de jovens negras, se emocionou ao ver que meninas negras que antes preferiam seus cabelos alisados, optaram pelas braids.  

“Quando a gente ocupa determinados lugares parece que a gente não vê até ficar diante de algumas demandas. E aí fazendo alguns cursos sobre as questões raciais, ouvindo relatos de alunos na experiência diversa, dos mais impactantes, e olhar para a escola e para os currículos (…) eu comecei a questionar o espaço escolar, por que essas temáticas não estão aqui? Ou por que a gente só trabalha isso uma vez no ano, de uma maneira muito caricata?” (Délvia Fox)

É dessa maneira que Délvia contribui para as boas práticas de gênero e raça no ensino da Língua Inglesa, criando uma prática que leva as pessoas a sério, como gosta de dizer. 

Délvia Fox é uma das professoras entrevistadas no Mapeamento de boas práticas em gênero e raça no ensino da Língua Inglesa (conheça AQUI). 

Imagem: arquivo pessoal
Localização: Recife - Pernambuco, Brasil


Temas: Formação de Professores; Ensino Médio; Gênero e Inclusão Social; Identidade; Atividades Pedagógicas; Ensino Fundamental
Tags: Formação de Professores; Inclusão; Diversidade; Raça; Gênero; Identidades Raciais; Mapeamento de Boas Práticas; Práticas Sociais


Adaptado de: https://www.inglesnasescolas.org/experience/mapeamento-de-boas-praticas-ingles-na-construcao-da-cidadania/. Acesso em: 22 abr. 2022. © British Council 2022, UK Brazil Skills for Prosperity, Reúna, Nova Escola, Fundação Lemann, UK Government. Todos os direitos reservados.

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