Friday, September 11, 2020

BNCC AND ENGLISH LANGUAGE

COMO PREPARAR ATIVIDADES ALINHADAS À BASE PARA AS AULAS DE INGLÊS


Para tratar o Inglês como uma lingua franca na prática didática é preciso organizar as aulas considerando novas prioridades (RITA TREVISAN)


Um dos aspectos mais inovadores da Base é a proposta de trazer a língua legítima para a sala de aula. Isso muda totalmente o foco na maneira de ensinar e de facilitar a construção de conhecimentos por parte dos alunos. “Hoje, o foco do aprendizado da língua não está nos conhecimentos nominais, mas na capacidade de uso. Antes, se os alunos estavam estudando determinado tempo verbal, os professores utilizavam textos desenvolvidos para esse fim, que repetiam a estrutura que estava sendo aprendida”, diz Sandra Baumel Durazzo, diretora da Target Idiomas Consultoria Educacional, assessora pedagógica dos Planos de Aula da Nova Escola. Segundo a professora e formadora, a Base veio reforçar o que já se consolidou como tendência para o ensino do Componente: o uso de materiais legítimos, extraídos de contextos sociais reais e que, de fato, vão preparar os estudantes para se posicionar e interagir nas diferentes situações de um mundo globalizado, considerando a língua em um contexto cultural muito mais amplo.
Algumas estratégias elencadas pelos professores formadores ajudam a concretizar essa proposta. Veja como ensinar o Inglês alinhado à BNCC:

Utilize textos originais e não "recortes", como é comum nos livros didáticos
No planejamento, o ponto de partida devem ser as habilidades e as competências que precisarão ser trabalhadas a partir de uma determinada sequência de aulas. “Se o objetivo é instrumentalizar o aluno para fazer relatos sobre experiências passadas, instrua a escrever biografias de pessoas, por exemplo. Assim o professor precisará pensar em qual será a sequência de aprendizagem mais adequada para que aprendam e quais textos vão contribuir”, diz Sandra.
Nessa perspectiva, o educador pode extrair de materiais autênticos os conteúdos que sejam mais adequados ao seu propósito, isto é, daqueles que não foram desenvolvidos exclusivamente para o ensino da língua, mas que estão à disposição no dia a dia das pessoas, como jornais, revistas, TV, rádio, mídias digitais variadas, entre outros. “Dessa forma, o educador vai oferecer não apenas conteúdos linguísticos, mas também culturais, pois eles serão sempre produtos da língua como prática social”, explica Alexandre Badim, coordenador do Centro de Línguas da Universidade Federal de Goiás.

Apresente os conteúdos de forma progressiva e contextualizada
No momento de selecionar os textos que serão estudados pelos alunos, é fundamental obedecer a uma gradação de complexidade cognitiva. Pensando em gêneros, pode-se iniciar com textos que utilizam poucos recursos verbais (mensagens, tirinhas, fotolegendas e adivinhas, por exemplo) e partir para textos mais elaborados (autobiografias, esquetes, notícias e relatos de opinião), nos quais os recursos linguístico-discursivos podem ser trabalhados. Segundo a Base, são essas vivências diversas que contribuem para o desenvolvimento de uma escrita autêntica, criativa e autônoma.

Trabalhe com diversidade de fontes
Essa ideia está diretamente relacionada à concepção de que não há um Inglês padrão e que a língua inglesa tem papel de língua franca. “E é esse o motivo da recomendação de trazer fontes diversas, para que se perceba que em qualquer canto do planeta o conhecimento está sendo produzido e compartilhado em inglês”, diz Sandra.
Em classe, a questão das variantes linguísticas pode ser tematizada: “É possível pensar em uma sequência de aulas em que os alunos tenham contato com textos e vídeos de produtores de língua inglesa de diversos países, de forma que as singularidades fiquem evidentes, mas isso não precisa ser, necessariamente, problematizado”, afirma Sandra. Ela explica que o mais importante é que, ao longo da sua formação no Ensino Fundamental, o aluno seja apresentado a fontes diversas. Assim, ele será capaz de perceber, por si só, a abrangência e as formas de expressão da língua no amplo contexto mundial. Ao fazer uma seleção de autores de lugares diferentes para compor a bibliografia da aula, o professor já estará oferecendo essa oportunidade de reflexão crítica aos estudantes.

Aproxime os alunos da cultura estrangeira
Uma forma de fazer isso é selecionar conteúdos que tragam informações sobre costumes e aspectos culturais de outros países. Ofertar materiais variados, tais como filmes, músicas e reportagens televisivas, oriundas de locais diversos, também amplia o conhecimento sobre a cultura. Outra estratégia possível é estimular os alunos a pesquisarem e a planejarem a escrita para compartilhar com os demais os achados feitos sobre as diversas culturas com as quais poderão ter contato por meio da língua inglesa.

Crie mais situações de oralidade
O mundo digital pode contribuir para a exposição dos alunos à língua em meios ricos e diversos. Cinema, internet e televisão são bons insumos de práticas de uso e interação oral em sala de aula e de exploração de campos em que tais práticas possam ser trabalhadas. “Estamos falando de articular aspectos diversos das linguagens para além do verbal — tais como o visual, o sonoro, o gestual e o tátil — , com o intuito de permitir que os estudantes tenham oportunidade de vivenciar e refletir sobre os usos orais e oralizados da língua inglesa”, explica Badim. Organizar atividades como debates e que envolvem representações de situações reais, em sala de aula, também são estratégias para que os alunos se sintam mais estimulados a falar, para expressar seus pontos de vista.

Acolher múltiplas vozes, interesses e realidades dos alunos
A Base parte do pressuposto de que não há aprendizagem sem que o sujeito esteja implicado. Nesse sentido, há destaque para as práticas comunicativas, para as trocas entre os pares, para o trabalho em grupo etc. “O entendimento da Base é a de que os alunos devem assumir uma posição de mais destaque e contribuir diretamente para as novas tarefas que serão colocadas em pauta. Com isso, o professor da língua é chamado a compartilhar mais, fazer escolhas de conteúdos e metodologias variadas, que atendam melhor à sua comunidade escolar”, afirma Badim. Ele destaca que é o papel do professor ter clareza do ensino e da aprendizagem esperados, entender o contexto dos alunos para traçar suas práticas e, ainda, usar recursos pedagógicos condizentes com os diferentes perfis dos alunos.
O professor pode oportunizar a participação ativa dos estudantes em todas as etapas do seu trabalho, a partir da escuta investigativa, passando pelo planejamento, pela seleção de materiais, pela execução e até pela forma de avaliação de todo o processo educativo. “O aluno pode colaborar no planejamento dos cursos por meio de sugestões de temas possíveis de serem tratados em aula, pode ser um parceiro do professor na busca por materiais interessantes, só para citar alguns exemplos de como essa relação professor e aluno pode ser pensada, sob um novo olhar”, explica Badim.

Desenvolver testes que deem conta de avaliar o letramento na Língua Inglesa
Como a forma de ensinar muda, é preciso pensar em maneiras de acompanhar o desenvolvimento dos alunos que sejam coerentes com essa nova proposta. “Hoje, sabemos que o mais importante é avaliar as competências e não os saberes nominais”, diz Sandra. Assim, avaliações em que os alunos são conduzidos a preencher lacunas, indicando a apropriação de tópicos gramaticais relacionados ao Componente, estão ultrapassadas.
Para saber se o aluno é proficiente, para acompanhar o letramento na língua inglesa, é preciso investir em ferramentas de monitoramento contínuo, que mostrem que o aluno tem condições de posicionar-se — inclusive de forma reflexiva e crítica — nas mais diversas situações de interação social, usando todos os recursos necessários para isso.
Se o aluno é convidado a fazer um relato oral sobre uma experiência do passado, por exemplo, ele vai conjugar os seus saberes nessa oportunidade, permitindo que o professor verifique se ele se apropriou dos conteúdos necessários: se conjugou o verbo corretamente, utilizou as expressões de tempo mais adequadas, como construiu bem a frase, que tipo de vocabulário usou etc. O educador pode, ainda, perceber como o aluno organizou a fala para se apresentar, se soube pronunciar palavras ou fonemas, entre outras habilidades. Mas tudo dentro de um contexto, elaborado pelo professor, de acordo com seus objetivos específicos.

Fontes:
Alexandre Badim, coordenador do Centro de Línguas da Universidade Federal de Goiás
Ana Maria Gurgel, diretora pedagógica da Twice Bilingual Programs
Sandra Baumel Durazzo, diretora da Target Idiomas Consultoria Educacional

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